Em "Solum Mobilis: Terra Inquieta", Lucas Chaves da Silva tece uma cartografia filosófica que mergulha nas entranhas da ontologia deleuzo-guattariana. O livro não se contenta em explicar; ele performa o rizoma em sua própria estrutura. Dividido em duas partes que se entrelaçam como raízes subterrâneas, recusa a tirania da sequência linear. Pode-se começar por qualquer platô, pois os conceitos respiram em rede, não em degraus.
Na primeira parte, Acerca do Rizoma, a crítica é um machado que golpeia o alicerce ocidental: a ilusão do Uno. Ali, Deus, o Sujeito, o Significado Transcendental são ídolos tombados. Em seu lugar, brota a multiplicidade rizomática — acentrada, horizontal, feita de conexões heterogêneas. Não se trata de metáfora, mas de topologias vivas: o blockchain como rede P2P que evapora intermediários; as plataformas educativas onde um tweet sobre arte colide com um tratado de ecologia radical; os memes que desmontam ícones de poder com colagens absurdas. Até o corpo é desestratificado: biohackers transformam a carne em campo de batalha, implantando ímãs para sentir campos magnéticos ou dissolvendo gêneros com hormônios DIY. A simbiose revela-se aqui como alquimia política: corais que devêm usinas solares, caranguejos e anêmonas forjando um "corpo sem órgãos subaquático". E nas brechas, insurgem-se os zapatistas, cuspindo sobre vanguardas revolucionárias: "Eu cago em todas as vanguardas revolucionárias desse planeta". Sua luta não é pela tomada do Estado, mas pela palavra horizontal que brota do solo vivo.
A segunda parte, Geologia Ôntica, escava as camadas do real. O Corpo sem Órgãos (CsO) não é vazio, mas excesso pulsante — um "oceano de potencial não estratificado". Sobre ele, os estratos impõem sua violência generativa: máquinas de captura que cristalizam fluxos em rochas, línguas, instituições. A dupla articulação opera como pinças cósmicas: uma seleciona moléculas errantes (conteúdo), outra as compacta em funções (expressão). Nada aqui obedece ao fantasma hilemórfico de Aristóteles; matéria e forma coemergem no gesto imanente, como o ribossomo que tece proteínas no tear celular. Monstros como o Minotauro ou Frankenstein são cartas de liberdade escritas na carne: lembretes de que o "humano" é apenas uma dobra possível num campo de potências não humanas. A desterritorialização rasga esses estratos — vírus que saltam entre espécies, revoluções que incendeiam códigos — mas sempre acoplada à reterritorialização. Como a costa que o mar corrói e refaz, somos simultaneamente "o golpe das ondas e a resistência da pedra".
No terceiro estrato, o humano desvela-se como efeito, não causa. A "mão-ferramenta" e o "rosto-linguagem" são agenciamentos técnico-semióticos que nos precedem. A mão, liberta pela neotenia, desata circuitos recursivos: um gesto de lascar pedra devém machado, que devém cabo de enxada, que devém arma. A linguagem nasce do silêncio da estepe — um sussurro que desterritorializa o grito animal em signos arbitrários. Palavras como "fogo" transportam ausências, e a tradução converte-se em violência fundadora: florestas viram "recursos", corpos viram "dados". Até o Direito é reimaginado como prática rizomática: não mais pirâmide normativa, mas cartografia de intensidades, onde juízes são "mapeadores das linhas de fuga". A obra ecoa, ao fim, como um tremor: fronteiras nacionais são feridas abertas, ilhas são pontos de interrogação no oceano, e a vida é uma sinfonia desencontrada de velocidades — do vírus que muta em nanossegundos à sequoia que alonga seus séculos. "O mapa não é o território — é sua prisão", insurge-se o texto. E nessa inquietude, resta o convite: habitar a linha movediça onde somos, ao mesmo tempo, a semente e a tempestade. O navio e o mar infinito.
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Paperback. Condition: new. Paperback. Em "Solum Mobilis: Terra Inquieta", Lucas Chaves da Silva tece uma cartografia filosofica que mergulha nas entranhas da ontologia deleuzo-guattariana. O livro nao se contenta em explicar; ele performa o rizoma em sua propria estrutura. Dividido em duas partes que se entrelacam como raizes subterraneas, recusa a tirania da sequencia linear. Pode-se comecar por qualquer plato, pois os conceitos respiram em rede, nao em degraus. Na primeira parte, Acerca do Rizoma, a critica e um machado que golpeia o alicerce ocidental: a ilusao do Uno. Ali, Deus, o Sujeito, o Significado Transcendental sao idolos tombados. Em seu lugar, brota a multiplicidade rizomatica - acentrada, horizontal, feita de conexoes heterogeneas. Nao se trata de metafora, mas de topologias vivas: o blockchain como rede P2P que evapora intermediarios; as plataformas educativas onde um tweet sobre arte colide com um tratado de ecologia radical; os memes que desmontam icones de poder com colagens absurdas. Ate o corpo e desestratificado: biohackers transformam a carne em campo de batalha, implantando imas para sentir campos magneticos ou dissolvendo generos com hormonios DIY. A simbiose revela-se aqui como alquimia politica: corais que devem usinas solares, caranguejos e anemonas forjando um "corpo sem orgaos subaquatico". E nas brechas, insurgem-se os zapatistas, cuspindo sobre vanguardas revolucionarias: "Eu cago em todas as vanguardas revolucionarias desse planeta". Sua luta nao e pela tomada do Estado, mas pela palavra horizontal que brota do solo vivo. A segunda parte, Geologia Ontica, escava as camadas do real. O Corpo sem Orgaos (CsO) nao e vazio, mas excesso pulsante - um "oceano de potencial nao estratificado". Sobre ele, os estratos impoem sua violencia generativa: maquinas de captura que cristalizam fluxos em rochas, linguas, instituicoes. A dupla articulacao opera como pincas cosmicas: uma seleciona moleculas errantes (conteudo), outra as compacta em funcoes (expressao). Nada aqui obedece ao fantasma hilemorfico de Aristoteles; materia e forma coemergem no gesto imanente, como o ribossomo que tece proteinas no tear celular. Monstros como o Minotauro ou Frankenstein sao cartas de liberdade escritas na carne: lembretes de que o "humano" e apenas uma dobra possivel num campo de potencias nao humanas. A desterritorializacao rasga esses estratos - virus que saltam entre especies, revolucoes que incendeiam codigos - mas sempre acoplada a reterritorializacao. Como a costa que o mar corroi e refaz, somos simultaneamente "o golpe das ondas e a resistencia da pedra". No terceiro estrato, o humano desvela-se como efeito, nao causa. A "mao-ferramenta" e o "rosto-linguagem" sao agenciamentos tecnico-semioticos que nos precedem. A mao, liberta pela neotenia, desata circuitos recursivos: um gesto de lascar pedra devem machado, que devem cabo de enxada, que devem arma. A linguagem nasce do silencio da estepe - um sussurro que desterritorializa o grito animal em signos arbitrarios. Palavras como "fogo" transportam ausencias, e a traducao converte-se em violencia fundadora: florestas viram "recursos", corpos viram "dados". Ate o Direito e reimaginado como pratica rizomatica: nao mais piramide normativa, mas cartografia de intensidades, onde juizes sao "mapeadores das linhas de fuga". A obra ecoa, ao fim, como um tremor: fronteiras nacionais sao feridas abertas, ilhas sao pontos de interrogacao no oceano, e a vida e uma sinfonia desencontrada de velocidades - do virus que muta em nanossegundos a sequoia que alonga seus seculos. "O mapa nao e o territorio - e sua prisao", insurge-se o texto. E nessa inquietude, resta o convite: habitar a linha movedica onde somos, ao mesmo tempo, a semente e a tempestade. O navio e o mar in Shipping may be from our UK warehouse or from our Australian or US warehouses, depending on stock availability. Seller Inventory # 9798288900600
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